Texto extraído do Prefácio da nossa primeira edição física do Catecismo da Doutrina Cristã aprovado em 1912 pelo Papa São Pio X, que substituiu e fez o Papa proibir, com a mesma autoridade com que aprovou o anterior, a versão anteriormente aprovada em 1905, conhecida como “Catecismo Maior de São Pio X”1. As informações para adquirir nossa edição física podem em nossa loja virtual
Em 1905, o Papa São Pio X aprovou uma versão revisada de um Catecismo aprovado em 1765 pelos Bispos do Piemonte, Ligúria, Lombardia, Emília e Toscana. Essa versão revisada foi chamada de “Compêndio da Doutrina Cristã”, que no Brasil é hoje conhecida como “Catecismo Maior de São Pio X”. Em outubro de 1912, o Santo Papa aprovou um novo catecismo, com uma abordagem diferente da do primeiro, mais curto (433 perguntas e respostas) e mais pedagógico, denominado “Catecismo da Doutrina Cristã”. Em uma carta ao Cardeal Pietro Respighi em que aprova este Catecismo ainda pouco conhecido no Brasil, o Santo Papa disse: “Desde o início do nosso Pontificado, dedicamos a maior atenção à educação religiosa do povo cristão e, em particular, das crianças, convencidos de que a maior parte dos males que afligem a Igreja provém da ignorância da sua doutrina e das suas leis. Seus inimigos a condenam blasfemando o que não sabem, e muitos de seus filhos, sem conhecê-la, vivem como se não fossem filhos da Igreja”.
Nessa mesma carta, o Santo Papa afirma que as verdades mais atacadas na época são melhores explicadas e mais enfatizadas nesse novo Catecismo, mas ainda assim o mais proliferado é, ao menos no Brasil, o Catecismo aprovado em 1905, que possui algumas imprecisões que hoje são usadas como pretextos para justificar erros da época de São Pio X, como tentam justificar alguns ditos tradicionalistas que aderem a posição conhecida como Reconhecer & Resistir (R&R), ao sustentar que o Papa é infalível tão-somente em declaração solenes ex cathedra, baseando-se também na resposta do antigo Catecismo “o Papa é infalível só quando (allora soltanto), na sua qualidade de Pastor etc…”, ou como tentam os modernistas2, seja conservador ou não, ao tentarem justificar o ecumenismo3 com os maometanos, baseando-se também na resposta do antigo Catecismo em que parece querer dizer que os maometanos, apesar de não crerem em Jesus Cristo, “admitem o único Deus verdadeiro”, mas nem essa imprecisão justifica tamanha desonestidade, pois o Catecismo não poucas vezes identifica Jesus Cristo como verdadeiro Deus, de modo que a interpretação para tal imprecisão não pode ser senão que, por “admitem o único Deus verdadeiro”, se quis dizer apenas que os maometanos admitem a existência de um único Deus verdadeiro, mas ainda assim eles são infiéis, como dito em tal resposta, e precisarão se converter e estar unidos na Igreja Católica para poderem ser salvos. Quanto ao erro dos que aderem a posição R&R, é doutrina católica tradicional que o Papa não é infalível somente em declarações ex cathedra solenes, mas o é também, por exemplo, ao impor disciplinas universais, assim, se Montini (conhecido “Paulo VI”) fosse papa, seu Novus Ordo Missae (conhecido como “Missa Nova”) não seria perigo para a fé católica, pois a Igreja não pode oferecer mal. “A mesma fé, que nos diz que essas mudanças [de doutrinas e costumes] são más, diz-nos também que a Igreja não pode falhar no seu ensinamento ou oferecer algo mal. Uma das propriedades essenciais da Igreja Católica é sua indefectibilidade. Isso significa, entre outras coisas, que seus ensinamentos são ‘imutáveis e sempre permanecem os mesmos’ (Santo Inácio de Antioquia4). É impossível que ela contradiga seus próprios ensinamentos”5.
Por fim, disse o Papa São Pio X: “Exortamos vivamente no Senhor todos os catequistas, agora que a própria brevidade do texto facilita o seu trabalho, a quererem — com tanto maior cuidado — explicar e fazer penetrar nas almas dos jovens a doutrina cristã, quanto maior for a necessidade de uma sólida instrução religiosa, dado a proliferação da impiedade e imoralidade. Devem se lembrar sempre que o fruto do Catecismo depende quase inteiramente de seu zelo e de sua inteligência e maestria em tornar seu ensino mais leve e mais agradável aos alunos”6.
Notas
- A proibição, em favor desta nova edição aprovada pelo Papa São Pio X, do “Catecismo Maior de São Pio X”, bem como de outros Catecismos com a mesma finalidade, pode ser encontrada nesta carta do Papa ao Cardeal Pietro Respighi: https://www.vatican.va/content/pius-x/it/letters/documents/hf_p-x_let_19121018_catechismo.html ↩
- O Papa São Pio X no Decreto Lamentabili Encíclica Pascendi condena os erros modernistas, e no Motu Proprio Praestantia Scripturae excomunga todo aquele que defender algum desses erros modernistas. Prescrevendo depois um juramento antimodernista a todos os que tivessem certos ofícios na Igreja. ↩
- O Papa Pio XI condenou esse ecumenismo modernista na Encíclica Mortalium Animos, cuja leitura é assaz recomendada. ↩
- Nasceu por volta do ano 35 e foi martirizado em Roma por volta do ano 100. Conheceu e conviveu com os Santos Apóstolos, especialmente com São João Evangelista, de quem foi discípulo. Foi Bispo de Antioquia, sucessor de São Pedro na Cátedra de Antioquia, escreveu pelos menos 7 cartas – pelo que chegou até nós hoje – cuja leitura é recomendada a todos. ↩
- Cf. “Tradicionalistas, Infalibilidade e o Papa”, do Padre Anthony Cekada, cuja leitura é recomendada para maior aprofundamento sobre essa questão. ↩
- Cf. Carta de 18 de outubro de 1912 do Santo Padre Pio X ao Cardeal Pietro Respighi, para aprovar e promulgar em Roma essa nova versão do Catecismo da Doutrina Cristã, substituindo e proibindo a versão anterior. ↩